domingo, 23 de agosto de 2015

Perto em silêncio.


Cada vez mais encontramos pessoas que sofrem em nossos caminhos. Deparamo-nos com amigos que sofrem, desconhecidos que sofrem, irmãos que sofrem e inimigos que sofrem. Todo mundo sofre em algum momento.
Existem aqueles que lidam bem com o sofrimento, pois entendem que faz parte da vida. Já outros, perdem o chão, o rumo da vida e procuram por respostas que nunca são encontradas. E também existem aqueles que sofrem por circunstancias “desnecessárias” que são as situações criadas, sem que a vida tenha oferecido.
De qualquer forma, ao se deparar com os sofredores nem sempre sabemos como agir. Especialmente quando é um amigo... não entendemos o que pode ser feito e como devemos nos comportar. Não sabemos como proceder, mas não aguentamos ver alguém sofrendo sem fazer nada.
Então procuramos encontrar alguma maneira de amenizar e até mesmo acabar com o sofrimento. E logo usamos, talvez, a nossa principal arma para esses momentos… as palavras.
Acreditamos que as palavras podem ajudar e até aliviar a dor, a desgraça ou o desastre. Pronunciamos palavras, palavras e palavras até porque não conseguimos lidar com o silêncio que sempre é oferecido pela dor.
Porém, as palavras não são instrumentos de ajuda para os momentos de sofrimento. Pelo contrário, elas atrapalham bastante nesses períodos. Porque ao utilizar as palavras continuamos no mesmo lugar, mas com a sensação de ter feito algo, oferecido algo e ajudado com algo. Não nos envolvemos, mas só jogamos frases, algumas prontas, na direção do sofredor.
As palavras nos mantém a distância, em segurança, sem nenhum envolvimento.
Elas inclusive nos afastam dos sofredores, pois negam o que é mais necessário… a presença, o abraço e a companhia. Porque aquele que sofre não deseja ouvir nada. Aquele que sofre deseja ter alguém por perto.
O discurso é completamente desnecessário na dor.
A presença é completamente necessária na dor.
Pois no sofrimento não se fala… no sofrimento se aproxima.
Assim, ao encontrar uma pessoa que está sofrendo, em silêncio, respeita-a. Ela não quer te ouvir. Porém, fique por perto, em silêncio. Ela quer ter sua companhia.
© André Saldiba

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